Duplicação

No atual ritmo, conclusão da BR-116 levaria dez anos

Mobilização realizada na tarde desta sexta-feira em Camaquã reuniu bancada gaúcha, prefeitos, empresários e familiares de vítimas de acidentes para pressionar pela duplicação

Jô Folha -

JF_5619Foram apresentadas estatísticas preocupantes sobre a rodovia (Foto: Jô Folha)

"As pessoas precisam entender que uma obra pode até ter preço, mas uma vida não. Se a estrada já estivesse duplicada talvez meu filho tivesse uma chance." O relato é de Rosemeri Bartz, que há oito meses perdeu o filho João Júlio, de 24 anos, em uma colisão na BR-116. Ela é uma das familiares de vítimas fatais na rodovia desde que o trecho entre Guaíba e Pelotas entrou em obras, em 2012. Na tarde desta sexta-feira (20), em Camaquã, a voz da produtora rural se somou à de centenas de pessoas que lotaram o Teatro do Sesc para pressionar pelo fim da duplicação.

A mobilização reuniu prefeitos, vereadores e moradores de municípios das regiões Sul e Centro-Sul que foram cobrar e ouvir respostas de integrantes da bancada gaúcha em Brasília e de representantes do Ministério dos Transportes e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Promovido pelo movimento Juntos Pela Duplicação da BR-116 Sul, o evento apresentou dados da economia e impacto social da estrada para a região, além de apontar propostas que poderiam acelerar a entrega da segunda pista da rodovia que, somente em 2017, já registrou 238 acidentes. Destes, 33 foram colisões frontais típicas de estradas de pista simples.

Coordenador da frente parlamentar federal pela duplicação, o deputado federal Afonso Hamm (PP) criticou a escassez de dinheiro encaminhado para a obra. "Em média, a cada ano são pagos pouco menos de 10% do valor total. Se continuar neste ritmo só será possível concluir a BR em dez anos", projeta. Ele defendeu que, além de acelerar os repasses, o Ministério dos Transportes priorize a rodovia em detrimento de outros empreendimentos, como a segunda ponte do Guaíba, em Porto Alegre.

JF_5624No ritmo atual as obras levariam dez anos para sua conclusão (Foto: Jô Folha)

DNIT prevê entregar três lotes
Conforme o analista de infraestrutura do Dnit, Hiratan Pinheiro da Silva, dos nove lotes em que a obra foi dividida, três estão em estágio mais avançado (3, 8 e 9) e podem ser entregues até o fim de 2018, caso o governo federal cumpra o repasse de R$ 99,5 milhões prometidos. Se isso ocorrer, seriam os primeiros 63 quilômetros de pista dupla no empreendimento. "São trechos em que falta apenas a colocação do asfalto. Porém, é justamente este o desafio, pois os custos deste material aumentaram. Por isso é essencial que o governo negocie com a Petrobras", diz. A estatal é a única fornecedora de Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP), usado na pavimentação. 

Entretanto, o senador Lasier Martins (PSD) e o coordenador da bancada gaúcha no Congresso Nacional, deputado Giovani Cherini (PR), pretendem agendar para os próximos dias uma reunião com o presidente Michel Temer, para tentar ampliar para R$ 200 milhões o repasse em 2018, permitindo concluir até seis lotes e superar 100 quilômetros duplicados.

Perdas econômicas diárias
De acordo com um estudo feito pelo Escritório de Desenvolvimento Regional da Universidade Católica de Pelotas (EDR/UCPel), cada ano de atraso na entrega da duplicação da BR-116, além dos riscos que oferece aos usuários, equivale a R$ 700 milhões em perdas econômicas. "O valor do prejuízo, nestes quase três anos de atraso em relação ao prazo inicial (final de 2015), seria suficiente para pagar toda a obra", indicou o economista Ezequiel Megiato.

Presidente da Aliança Pelotas, Gilmar Bazanella ressaltou que a demora está fazendo com que, ao invés de avançar, a obra regrida. Segundo ele, quanto mais o tempo passa sem que se enxergue o fim da construção, mais cara ela se torna. "Hoje, o valor necessário para finalmente terminar a BR-116 é de R$ 780 milhões", diz. Em junho do ano passado a projeção do Dnit era de R$ 660 milhões.

Confira fotos da reunião em Camaquã:

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